Os
valorosos soldados, defensores da pátria amada, estão participando de um
exercício, uma guerra de mentirinha. Todos se esforçam o quanto podem para
derrotar o inimigo cruel e malvado, que na verdade são seus companheiros de
quartel. Tiros, explosões, gritos, cheiro de fumaça no ar, ordens,
contra-ordens, mais explosões, gritos e tiros. Os comandantes das tropas
"inimigas" observam orgulhosos o desempenho dos respectivos
subordinados. Parece uma guerra de verdade não fosse um ou outro detalhe menor.
Lá
pelas tantas, um carro aproxima-se de uma ponte guarnecida por vários atentos
soldados que bloqueiam a passagem. Um dos soldados, com uma maquiagem escura no
rosto, faz sinal para o carro parar. O carro para, o soldado aproxima-se dele e
fala com muita convicção para o motorista:
O
senhor não pode passar pela ponte. Ela foi destruída no bombardeio de ontem à
noite.
O
motorista toma um susto, acha que alguma coisa está errada e desce do carro
para ver a destruição. Mas ponte está lá. Inteirinha.
Pera aí,
comandante. A ponte tá perfeita. Não aconteceu nada com ela.
O
comandante assume aquele ar de autoridade suprema no comando das forças armadas
e fala:
É claro
que a ponte foi destruída. O senhor vai ter de atravessar o rio em outro lugar.
O
motorista ainda tenta argumentar, aponta para a ponte inteira, mas logo percebe
que não adianta argumentar nem discutir com o bravo soldado que só faz cumprir
ordens.
"Ordens
são ordens" — diz o soldado. — A ponte foi destruída
É. Não
há o que fazer senão ir procurar a outra ponte. O motorista vai entrando no
carro quando vê um soldado sentado à beira da estrada, um pouco afastado da
guarnição. Vai até ele e pergunta:
Soldado,
onde fica a outra ponte?
Não sei
de nada — responde o soldado com ar de enfado. — Morri no ataque de ontem à
noite.
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